sábado, 11 de setembro de 2010

Às vezes...


Ando sem pensar em que rumo tomei. Caminho longo à minha frente. Caminho só.

Mantenho o ritmo dos meus passos, e a cada passo dado mais largo parece, mais distante eu fico d'onde vim.

P'ra onde vou, o que procuro (olho pássaros em pleno vôo); parei p'ra pensar. Não quero. Me acomodei a não pensar, só agir.

O impulso me move. Soa natural. Não aos meus passos, que são forçados contra o chão. Mais rápido.

Por que corro, fujo, sujo tudo que toco; já parei p'ra pensar. Parei de exigir dos meus pés calçados num tênis vermelho gasto. Perdi tempo. E pra quê?

Não tenho respostas.
Não me reconheço mais.
Não me esclareço, não transpareço, não apareço.
Só me escondo... corro... vôo.

Apoio minhas mãos aos joelhos.

Retomando fôlego. E tudo começa outra vez.
Damasceno.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Quase lúcida. Sonhos... (sem termo)

É como se fosse real. Você é capaz de sentir a brisa fresca do vento acariciar suas faces, o agitar dos cabelos se deixando levar pela corrente de ar, involuntários, o som perfeitamente audível das folhas nas árvores imponentes de um vale vasto. Algumas pessoas não precisam de rostos imaculadamente iluminados, as reconhecem por suas formas, cores e sons.

Nada melhor do que uma boa noite de sono e sonhar para manter a lucidez. Mas alguns sonhos, como descrevi no começo deste texto, são tão reais que somente em momentos de extremo stresse e risco iminente (posso tomar como exemplo os "chutes" do filme "Inception" que, no caso, é a sensação de queda) faz com o que, mesmo que por muito difícil e brusca seja, se inicia a retomada à realidade. Você simplesmente acorda e pára por alguns minutos para saber que diabos acabou de acontecer.

Acabei de acordar de um sonho que, como todos sabem, nunca se conhece a "origem", portanto, começarei a contar a partir do momento que veio à consciência. A partir do momento que, agora, consigo lembrar.

Estávamos numa festa em uma casa muito esquisita. Digo "estávamos" porque conhecidos estavam presentes. (E. N. Q. S. U. - siglas dos nomes) O local estava praticamente lotado, e acredito piamente que a maioria desse "pessoal" era "conhecidos" do S. No fundo da casa era um tipo de depósito cheio de tralhas metálicas. Era de uma família oriental (seja lá de qual país for, mas tinham olhinhos puxados e falavam uma língua difícil de pronunciar). A filha saíra de um Anime, era sorridente, tinha cabelos de cor azulado para o roxo, num penteado que só daria certo com MUITO laquê ou em sonho mesmo... Tive a impressão de já conhecer o pai, porém, não o vi. E sabia que a família usava um uniforme folgado azul comprido e sem mangas. No geral, eram todos simpáticos.

Me sentia estranhamente, devo dizer, bêbada, alcoolizada. Só não me lembro quando comecei a beber no sonho, se é que eu estava bebendo mesmo, e se estava, podia ser lá no começo do sonho o qual não me lembro de nada realmente, hahaha... U. não era a mesma, e abraçava uma moça que não me era familiar. Estava quieta demais observando a todos fora de si, atrás de uma antiga televisão. N. estava do meu lado quando me distraí com duas meninas, e de repente acontecia um alvoroço fora da casa. Ouvi "Você tá bem?". Olhei instantaneamente para o lado que vinha a voz e não vi mais N., uma onda de preocupação me cobriu e não foi bom, foi inesperado. A água estava fria, entende?

Mas nada havia acontecido com N., era com outra pessoa... e não era algo grave. Enfim, acabaram acendendo um baseado e não demorou muito para a polícia chegar. Fui ao depósito, não sei o que fui fazer e me esbarrei com a filha saída do Anime. Não entendia absolutamente nada do que ela falava, mas acabei incrivelmente aprendendo depois que "Naiê" (pronunciada, não como é escrita) significava "Não!". E "não" para o que, eu também não sabia. A velha, a mãe da moça, apareceu e começou a dançar, e eu disse a única palavra que sabia que elas entenderiam, "Naiê". Ela riu. Voltei para a sala. Um amigo foi tirado de lá pelos PMs, era o E., e parecia que o restante do "pessoal" não se mostrou preocupado com a situação, e na verdade, E. também não me pareceu nem um pouco assustado. Estava mais aéreo que todos, acredito eu.

Eu fugi. Estava subindo as escadas de casa quando minha avó me viu, começou a falar um monte por eu ter chegado tarde em casa, mas me desvencilhei do assunto a tempo: "Calma, vó. Tenho que ver um negócio aqui na laje". Me deparei com todos saindo da casa dos orientais da laje da minha avó, estavam todos desnorteados, mas rindo. Me aliviei. "Por quê fugi?" Não sabia, mas voltei para perto deles. Ouvia a voz de N. de longe. A rua estava cheia de gente, então, deu-se a entender que a festa continuaria ali mesmo. Observei a galera bem descontraída. Os rapazes tiravam fotos de bunda de fora e sem camisas, era hilário. Começou o futebol. Me distraí novamente com um grupo de 5 ou 6 pessoas que, ironicamente, me chamavam de "Gringo!". Gringo??? Eles eram louros demais para serem brasileiros e eu não era menino no sonho. Porém, pensei depois que talvez fosse a única palavra em português que soubessem dizer. Mandei-os pastar. No lugar da casa, agora, havia uma rua super-ultra-mega-hiper-original... e estranha. Parecia mais com um tobogã daqueles gigantes de parque de diversões. Era demais! Ao invés da faixa que anuncia mão-dupla, tinha uma crista de grama bem macia. E ao invés de asfalto, a rua era coberta por tapetes brancos. COOL! Desci-a correndo sem medo, e no final, bati num monte de sofás. A sensação foi incrível! As pessoas que neles estavam sentadas me olharam, mas não era repressão. Me limitei a levantar e tentar ao máximo arrumar os sofás, em seguida entrei numa lanchonete. S. e seus amigos entraram também logo depois que encontrei com a Q. sendo a gerente da lanchonete. Tudo estava bem até que uma ruiva chegou e começou a dançar, S. estava com outro baseado e bem loucão. Não conhecia a ruiva e só notei que falava comigo quando ela disse "Sandman". Ela apontava para mim, mas precisamente para a minha camiseta. Eu tinha uma camiseta preta de mangas compridas do Sandman... no sonho. Ela sorria para mim, era um belo sorriso. A ruiva começou a se aproximar e sentou no banco de frente para mim. S. começou a falar merda das quais não acho necessário citar. Me levantei enfezada e perguntei se N. já havia saído, interrompendo suas lorotas. "Sim, todos eles se foram... mas devemos curtir!". Me despedi rispidamente e saí. A ruiva sumiu.

Ao lado da lanchonete subia uma rua bem íngreme, e no final dela tinha uma parede pinchada e reconheci imediatamente a rua. "Vou voltar para a casa!", pensei. Subia-a calmamente, entretanto, senti que estava sendo seguida. Olhei para atrás e tinha três pessoas que olhavam para mim sabe lá desde quando, mas na verdade, elas só haviam escolhido, assim como eu, seguir aquele caminho íngreme. Subi a rua. A qual era habitual para elas, não para mim. Eu era a estranha, não elas. Continuei a subi, percebi que a parede pinchada havia sumido, "Caramba, será que me confundi?", pensei de novo. Enquanto isso, minha mente narrava os motivos do por que o "pessoal" foi ríspido comigo, porém, pensavam eles que tinham alguma intimidade comigo; "Eles só falam com você porque é quieta quando sóbria, eles gostam de perturbar gente assim. E doida quando bêbada, se torna um motivo de piadas e gozação, porém, alguns deles acabam gostando de você, conhecendo você como é de verdade, e gostam. Mas até lá, é um caminho bem tortuoso". - havia uma pequena curva para a esquerda, sendo ainda uma subida, que dava para uma enorme avenida de mão-dupla. E quando digo que era enorme, era EXAGERADAMENTE GRANDE! Três faixas em cada mão. Os automóveis corriam. Não havia calçada bem feita, apesar que a do outro lado da rua havia árvores tão grandes em altura como a rua em largura, e gente trabalhando nelas, as serrando... Dava para ouvir perfeitamente o som da serra elétrica em contato com a madeira que forçava a máquina a dobrar sua potência. Era a natureza tentando resistir... Olhei para o outro lado, o direito, e a calçada continuava no mesmo estado, totalmente destruída, com grandes poças d'águas barrentas. Quem se aventurasse, teria que andar rapidamente pela faixa mais próxima da tal "calçada", ou melhor, do lamaçal. Teria que passar pela rua cheia de motos, carros, vans, ônibus e caminhões em alta velocidade.

Permaneci por algum tempo ali, ao lado do muro, só observando uma perua se aproximar rápido demais, do lado esquerdo, de dois homens que conversavam num canto de um pequeno acostamento. Havia mais pessoas perto de mim e daqueles homens, inclusive as três que subiram a rua íngreme atrás mim instantes antes. Levei um tremendo susto e me escondi atrás do muro, porém, o veiculo não os pegou. "Ufa!". Voltei para onde estava e tudo voltara ao "normal"... Novamente ouvi o barulho de serra elétrica contra a madeira do troco da árvore. Olhei novamente para o lado direito com esperança de avistar um ponto de ônibus quando o barulho da serra parou... e deu lugar ao grito do homem que serrava a árvore: "Puta merda... vai cair!" A árvore começara a ceder para o lado errado, para o lado da rua, até a outra via, a nossa via. O nosso lado. Todos correram o quanto podiam.

Só vi à minha frente o poste da rua caindo, os fios de alta tensão do poste encostaram no meu braço esquerdo... Só deu tempo de olhar para o chão. Uma poça d'água.
*Silêncio*
Não havia mais ninguém; meus amigos, policiais, a família oriental, os gringos, as três pessoas que subiam a rua atrás de mim, e a ruiva.

Acordei com o coração, por muito pouco, saindo pela boca. Assustada demais, pensei que teria um ataque cardíaco a qualquer momento. Engraçando como no primeiro momento eu sabia extamente onde era a minha casa, depois não sabia mais. E se quer saber, não tive a sensação do choque, na verdade, não houve. Minha mente não permitiu, acho que esse foi o meu "chute" para retornar à realidade.